
Trecho: "... e esse vazio interior pode, em algum tempo, ser dissimulado ou preenchido? A verdade a esse respeito só pode ser conhecida se não fugimos - o que é extremamente difícil.
Precisamos perceber que estamos fugindo e compreender que tôdas as fugas são semelhantes e que não há fuga “nobre”. Tôdas as fugas, desde a fuga pela embriaguez até à fuga para Deus, são iguais, porque estamos fugindo do que é, que somos nós mesmos, que é nossa pobreza interior. É só quando realmente deixamos de fugir, só quando ficamos frente a frente com o problema da solidão, da insuficiência interior, que nenhum conhecimento, nenhuma experiência pode encobrir, só então temos a possibilidade de compreendê-lo e, portanto, de dissolvê-lo. Essa solidão, essa insuficiência interior, não é problema exclusivo das pessoas que têm lazeres para observar a si mesmas; é problema de todo o mundo, do rico e do pobre, do inteligente e do bronco."
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