
Trecho: "Nosso problema, portanto, não é “ como ser nada” , o que, com efeito, é infantil, nem de aprendermos um novo fraseado para tentarmos tornar-nos esse fraseado; mas, sim, por que maneira chegaremos a compreender o processo integral do desejo, do ansiar. E esse processo é tão sutil, tão complexo, que precisamos chegar-nos a ele com toda a simplicidade — e não com todos os conflitos da condenação, da justificação, do que deve ser ou do que não deve ser, de como deve ser destruído, ou sublimado, coisas essas que aprendestes nos livros e nas organizações religiosas.
Se podemos pôr de parte tudo isso e, em silêncio, observar o processo do desejo — que sornos nõs mesmos, o que não significa experimentardes o desejo, mas, sim, experimentar o desejo — vem-nos aí uma libertação desse impulso ardente e constante para ser ou não ser, para vir a ser, para nos tornarmos Mestre, para possuirmos a virtude, e todas as outras idiotices engendradas pelo desejo."
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